quarta-feira, 2 de março de 2011

Morango meu

São 02:35, não consigo dormir. Não paro de pensar. Pensar no que fiz, no que disse, nos meus actos, no que penso e não quero pensar, pensar em ti. Tu que eras minha luz, minha razão para sorrir, meu sol, meu tesouro, meu arco-íris, meu menino, meu príncipe... eras meu. Penso, relembro. Relembro todos os momentos, todas as palavras, todos os gestos, todas as manhas de quinta ou de quarta, todas as sextas... Relembro dia 17 de Dezembro ou 20 de Dezembro, como foram perfeitos, como foram únicos, como queria que o tempo tivesse parado aí. Volto a tentar dormir. Não consigo. Lembro-me de todas  as conversas, todas as parvoíces e brincadeiras, todos os sorrisos, todos os gestos que apesar de tudo, eram sinceros. Para onde é que isto tudo foi? Eu juro, não me reconheço, não te reconheço, não nos reconheço. Para onde foi o nosso nós? Eu não sei. 
Levanto-me, dou voltas e voltas pelo quarto e penso. Olho para o meu placar, vejo todas as recordações, todos os papéis mandados nas aulas, todos os desenhos, todas as conversas importantes... e tenho saudades. Tenho saudades dos tempos em que não havia problemas, tudo estava bem, não havia sofrimento, ainda havia um nós. Para onde é que esse nós foi?
Neste momento já são 02:48. Continuo as voltas no meu quarto, penso, relembro, penso, relembro. Lembro-me das palavras, dos sentimentos, das sensações, do teu toque no meu cabelo, da tua mão na minha, de eu e de ti, ali, juntos. Ainda sinto isso, e tenho saudades. Tenho saudades do nós que tanto esperei, e que não existe mais, acabou.
Mas eu tenho certezas. Tenho certeza que cada momento, na biblioteca, no santos, no A, no parque ou no bd não foram desperdiçados, ficaram para a história e eu nunca me esquecerei daquele nós, porque eu não quero esquecer os momentos em que fui feliz ao lado da pessoa que realmente amo. Eu não quero esquecer todos os teus simples "eu amo-te", das nossas brincadeiras, não quero esquecer o meu cão, o meu gangsta, o meu rei da totolândia, o meu pancracio, o meu tolo, o meu trengo, o meu morango. Mas tu já não és meu, és do mundo, e eu não te posso obrigar a estar com a tua maça se não queres. Eu não te posso obrigar a sentir o que eu quero que sintas, a fazer o que quero que faças, a pensar o que quero que penses, a lembrar-te do que quero que te lembres, a voltar a ser meu. Tenho de me conformar. Tu já não és meu, pelo menos da maneira que eu quero que sejas, que sempre deverias ter sido. Já não existe um nós, esse nós é passado, o presente é um eu e tu, e o futuro? O futuro somos nós que o construímos com base no presente e no passado, passado esse de que eu não me arrependo, que não quero nem vou esquecer.
Bem, já são 03:04, continuo a pensar, a relembrar, mas sorrio. Sorrio por me lembrar das coisas boas que me proporcionaste, dos momentos inesquecíveis , das palavras, das sms, dos encontros, dos olhares, de tudo. Porque tudo o que tenha a ver contigo é inesquecível, porque tu és o único que realmente me faz sentir eu, me faz sentir feliz. És tu que eu quero, que eu sempre quis e não vale a pena negar aquilo que sinto, porque só me vou enganar a mim mesma, só me vou magoar e não vale a pena. Eu quero seguir em frente e lembrar-me de tudo com um sorriso no rosto, não com uma lágrima na cara, com pensamentos tristes. Eu quero lembrar-me daquele nós, de como foi bom enquanto durou, apesar de ter durado pouco, mas apesar de tudo, foram os melhores dias da minha vida! Porque eu realmente fui feliz, senti o que nunca tinha sentido, eu amei. Não nego, eu podia não ser a melhor namorada do mundo. Ajudaste-me a crescer, a sentir-me eu, a sentir-me viva, feliz. Felicidade essa que não sentia a muito tempo. Porque eu não consigo ser feliz longe das pessoas que amo, mesmo que seja longe e perto ao mesmo tempo. Eu quero esquecer todas as discussões, todos os problemas, todas as palavras que não deviam ter sido ditas, todos os problemas, todo o sofrimento, todas as lágrimas derramadas. Agora, às 03:16, eu só me lembro das coisas boas, dos sorrisos, dos momentos, das alegrias. Eu estou num prado cheio de flores amarelas, a correr, livre, com meus cabelos ao vento, sentir a brisa, sentir o ar fresco e o cheiro das flores, sentir que nada nem ninguém me vai deitar abaixo novamente, que estou mais forte do que nunca e que nada nem ninguém vai conseguir mudar isso. Sinto que virei uma página da minha história, mas o passado, o nosso passado, não será esquecido. Permanecerá intacto no presente, na minha memória, como sendo um passado perfeito, onde eu sofri, chorei, mas que tudo valeu a pena, porque tu vales a pena, tu és único.  E o futuro? Bem, o futuro continuará uma incógnita. Apenas uma coisa sei: Eu amei-te no passado, amo-te no presente e amar-te-ei no futuro, meu morango .  
Nao vou agir como se nada fosse, como se fosses mais um, igual a muitos outros. Mas tambem nao vou agir como se fosses o meu Deus, o centro do meu mundo. So vou deixar as coisas andarem, o tempo passar. Ele encarregar-se-a do resto, do meu, do teu, do nosso futuro, juntos ou nao.
Agora sao 03:39, estou deitada na minha cama. Continuo a relembrar, a pensar, a sorrir, e sei que tudo valeu a pena. Vou dormir. Penso mais uma vez em ti, apago todas as recordaçoes mas de vez e fecho os olhos. Espero sonhar contigo,  nao te esqueci. Es e seras para sempre o meu morango. Sorrio mais uma vez, relembrando os momentos unicos, beijo-te. Adormeço aliviada, feliz, livre. Acabou. Mas ainda te amo.

Fernanda Araujo,
20-02-11

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